COMBATE AO FOGO


BRIGADA MILITAR
NOÇÕES DE COMBATE AO FOGO
– 2005 –
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O efetivo controle e extinção de um incêndio requerem um atendimento da natureza química e física do fogo. Isso inclui informações sobre fontes de calor, composição e características dos combustíveis e as condições necessárias para a combustão. Combustão é uma reação química de oxidação, auto-sustentável, com liberação de luz, calor, fumaça e gases. Para efeitos didáticos, adota-se o tetraedro (quatro faces) para explicar a combustão, atribuindo-se, a cada face, um dos elementos essenciais da combustão.
 Calor
 Combustível
 Comburente
 Reação em cadeia
2. CALOR
Forma de energia que eleva a temperatura, gerada da transformação de outra energia, através de processo físico ou químico.
Pode ser descrito como uma condição da matéria, isto é, movimentação ou vibração das moléculas que compõe a matéria. As moléculas estão constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade das moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura) também aumenta. O calor é gerado pela transformação de outras formas de energia, quais sejam:
 Energia Química
quantidade de calor gerado pelo processo de combustão.
 Energia Elétrica
o calor gerado pela passagem de eletricidade através de um condutor, como um fio elétrico ou um aparelho doméstico.
 Energia Mecânica
o calor gerado pelo atrito de dois corpos.
 Energia Nuclear
o calor gerado pela quebra ou fusão de átomos.
Todos os corpos - sólidos, líquidos ou gasosos - se dilatam e se contraem conforme o aumento ou a diminuição da temperatura. A atuação do calor não se faz de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa diferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de 10 metros exposta a uma variação de temperatura de 700ºC.
2.1. EFEITOS DO CALOR
O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos fisiológicos nos seres vivos. Em conseqüência do aumento da intensidade do calor, os corpos apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois químicas. Assim, por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este, inicialmente, aumenta a sua temperatura e a seguir, o seu volume. Mantido o processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a forma, até atingir seu ponto de fusão, quando se transforma de sólido em líquido. Sendo ainda aquecido, gaseifica-se e queima em contato com o oxigênio, transformando-se em outras substâncias.
Elevação da Temperatura
O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais é de grande valia na prevenção de incêndio. Aprendemos que materiais combustíveis nunca devem permanecer em contato com bons condutores, sujeitos a uma fonte de aquecimento.
Aumento de Volume
A essa variação, o ferro, dentro da viga, aumentará seu comprimento cerca de 84mm, e o concreto, 42 mm. Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de sustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo menos, 42 mm.
Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida e desigual, que lhe causa rompimentos e danos. Pode ocorrer um
Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons condutores de calor, como metais; e, mais vigorosamente, nos corpos tidos como maus condutores de calor, como por exemplo, o amianto. Por ser mau condutor de calor, o amianto é utilizado na confecção de materiais de combate a incêndio, como roupas capas de proteção ao calor. O amianto vem sendo substituído por outros materiais, por apresentar características cancerígenas.
enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso, isto é, ao surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais se sustente. As mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são causas comuns de desabamentos de estrutura.
A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, provocando transbordamento de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc.
A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões físicas, pois, ao serem aquecidos até 273ºC, os gases duplicam de volume; a 546ºC o seu volume é triplicado, e assim sucessivamente. Sob a ação de calor, os gases liquefeitos comprimidos aumentam a pressão no interior dos vasos que os contém, pois não tem para onde se expandir. Se o aumento de temperatura não cessar, ou se não houver dispositivos de segurança, que permitam escape dos gases, pode ocorrer uma explosão, provocada pela ruptura das paredes do vaso e pela violenta expansão dos gases. Os vapores de líquidos (inflamáveis ou não) se comportam como gases.
Mudança do estado físico da matéria
Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns sólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases (gaseificação) e há sólidos que se transformam diretamente em gases (sublimação). Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espaço entre as moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria. No gelo, as moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade e maior espaçamento, transformando um sólido (GELO) em um líquido (ÁGUA).
Mudança do estado químico da matéria
Efeitos fisiológicos do calor
O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos causados pelo calor incluem desidratação, insolação, fadiga e problemas para o parelho respiratório, além de queimaduras que nos casos mais graves (1º, 2º e 3º graus) podem levar até a morte.
2.2. PROPAGAÇÃO DO CALOR
O calor pode se propagar de três maneiras: condução, convecção e irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de
Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância em outra. A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais de madeira. Essas moléculas são menores e mais simples, por que têm grande capacidade de combinar com outras moléculas de oxigênio, por exemplo. Podem produzir também gases venenosos ou explosões.
objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. O mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a mesma quantidade de energia do outro.
Condução
Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a molécula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima a uma fonte de calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor; elas vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-lhes calor.
Essas moléculas vizinhas, por sua vez, passarão adiante a energia calorífica, de modo que o calor será conduzido ao longo da barra para a extremidade fria. Na condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é transportada com o calor.
Quando dois ou mais corpos estão em contato, o calor é conduzido através deles como se fosse um só corpo. Convecção É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de líquidos dentro de si próprios.
Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um movimento, dentro do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir para as partes mais altas do ambiente, enquanto ar frio toma lugar nos níveis mais baixos. Em incêndio de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através de escadas, poços de elevadores, etc.
Irradiação
É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam através do espaço. As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais próximos ou mais afastados da fonte de calor.
Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para um outro mais frio até que ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-lo, a fim de que não ocorram novos incêndios. Para se proteger, o bombeiro deve utilizar roupas apropriadas e água (como escudo).
2.3. Pontos de Temperatura
Os combustíveis são transformados pelo calor, e a partir desta transformação, é que combinam com o oxigênio, resultando a combustão. Essa transformação desenvolve-se em temperaturas diferentes, a medida que o material vai sendo aquecido.
3. COMBUSTÍVEL
É toda substância capaz de queimar e alimentar a combustão. É o elemento que serve de campo de propagação ao fogo.
Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa passar pelo estado gasoso para, então, combinar com o oxigênio. A velocidade de queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).
3.1. Combustíveis Sólidos
A maioria dos combustíveis sólidos se transformam em vapores e, então, reagem com oxigênio. Outros sólidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem.
Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material e, conseqüentemente, o processo de combustão. Como exemplo: uma barra de aço exigirá muito calor para queimar, mas, se transformada em palha de aço, queimará com facilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será a velocidade da combustão.
3.2. Combustíveis Líquidos
Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinção do calor, aumentando o perigo para os bombeiros.
Com o aquecimento, chega-se a uma temperatura em que o material começa a liberar vapores, que se incendeiam se houver uma fonte externa de calor. Neste ponto, chamado de “Ponto de Fulgor”, as chamas não se mantém, devido a pequena quantidade de vapores. Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura em que os gases desprendidos do material, ao entrarem em contato com uma fonte externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a queimar sem o auxílio daquela fonte. Esse ponto e chamado de “Ponto de Combustão”. Continuando o aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustível, exposto ao ar, entra em combustão sem que haja fonte externa de calor. Esse ponto é chamado de “Ponto de Ignição”.
Os líquidos assumem a forma do recipiente que os contém. Se derramados, os líquidos tomam a forma do piso, fluem e se acumulam nas partes mais baixas.
Tomando como base o peso da água, cujo litro pesa um quilograma (1 Kg), classificamos os demais líquidos como mais leves ou mais pesados. É importante notar que a maioria dos líquidos inflamáveis são mais levas que água e, portanto, flutuam sobre esta.
Outra propriedade a ser considerada é solubilidade do líquido, ou seja, sua capacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados de petróleo (conhecidos como hidrocarbonetos) têm pouca solubilidade, ao passo que líquidos como álcool, acetona (conhecidos como solventes polares) tem grande solubilidade, isto é, podem ser diluídos até um ponto em que a mistura (solvente polar + água) não seja inflamável.
A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também é de grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam vapores a temperaturas menores que 20ºC.
3.3. Combustíveis Gasosos
Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o recipiente em que estão contidos.
Sendo o peso do gás maior que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e desloca-se na direção do vento, obedecendo aos contornos do terreno.
Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar atmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, não queimará. Cada gás ou vapor tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambiente há menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá combustão, pois a concentração de vapor de gasolina nesse local estará fora do que se chama de mistura ideal, limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração deste vapor é inferior ou é superior aos limites de inflamabilidade.
LIMITES DE INFLAMABILIDADE
Combustíveis
Concentração
Limite Inferior
Limite Superior
Metano
1,4%
7,6%
Propano
5%
17%
Hidrogênio
4%
75%
Acetileno
2%
100%
3.4. Processo de Queima
O início da combustão requer a conversão do combustível para o estado gasoso, o que se dará por aquecimento. O combustível pode ser encontrado no três estados da matéria: sólido, líquido ou gasoso. Gases combustíveis são obtidos, a partir de combustíveis sólidos, pela pirólise. Pirólise é a decomposição química de uma matéria ou substância através do calor.
PIRÓLISE
Temperatura
Reação
200ºC
Produção de vapor d’água, dióxido de carbono e ácido acético e fórmico.
200ºC - 280ºC
Ausência de vapor d’água - pouca quantidade de monóxido de carbono - a reação ainda está absorvendo calor.
280ºC - 500ºC
A reação passa a liberar calor, gases inflamáveis e partículas; há a carbonização dos materiais (o que também liberará calor).
acima de 500ºC
Na presença do carvão, os combustíveis são decompostos, quimicamente, com maior velocidade.
Materiais combustíveis podem ser encontrados no estado sólido, líquido ou gasoso. Como regra geral, o material combustível queima no estado gasoso. Submetidos ao calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás para se inflamarem. Como exceção e como casos raros, há o enxofre e os metais alcalinos (potássio, cálcio, magnésio, etc.), que se queimam diretamente no estado sólido.
4. COMBURENTE
É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais comum é que o oxigênio desempenhe esse papel.
A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros gases. Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve com velocidade e de maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combustão consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a porcentagem do oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 16% e 8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais e não mais chamas. Quando o oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 8%, não há combustão.
5. REAÇÃO EM CADEIA
A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo constante.
6. FASES DO FOGO
Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances do fogo seja descoberto no início e a situação resolvida. Mas se ocorrer quando a edificação estiver deserta e fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes proporções.
O incêndio pode ser mais bem entendido se estudarmos seus três estágios de desenvolvimento.
6.1. Fase Inicial
Nesta primeira fase, o oxigênio contido no ar não está significativamente reduzido e o fogo está produzindo vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e outros gases. Grande parte do calor está sendo consumido no aquecimento dos combustíveis, e a temperatura do ambiente, neste estágio, está ainda pouco acima do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento do fogo.
6.2. Queima Livre
Durante esta fase, o ar, rico em oxigênio, é arrastado para dentro do ambiente pelo efeito da convecção, isto é, o ar quente “sobe” e sai do ambiente. Isto força a entrada de ar fresco pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente.
Os gases aquecidos espalham-se preenchendo o ambiente e, de cima para baixo, forçam o ar frio a permanecer junto ao solo; eventualmente, causam a ignição dos combustíveis nos níveis mais altos do ambiente. Este ar aquecido é uma das razões pelas quais os bombeiros devem se manter abaixados e usar o equipamento de proteção respiratória. Uma inspiração desse ar superaquecido pode queimar os pulmões. Neste momento, a temperatura nas regiões superiores (nível do teto) pode exceder 700ºC.
“Flashover”
6.3. Queima Lenta
Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxigênio, até atingir um ponto onde o comburente é insuficiente para sustentar a combustão. Nesta fase, as chamas podem deixar de existir se não houver ar suficiente para mantê-las (na faixa de 8% a 0% de oxigênio).
“Backdraft”
A combustão é definida como oxidação, que é uma reação química na qual o oxigênio combina com outros elementos.
O carbono é um elemento naturalmente abundante, presente, entre outros materiais, na madeira. Quando a madeira queima, o carbono combina com oxigênio para formar dióxido de carbono (CO2), ou monóxido de carbono (CO). Quando o oxigênio é encontrado em quantidades menores, o carbono (C) livre é liberado, o que pode ser notado na cor preta da fumaça.
Na fase da queima livre, o fogo aquece gradualmente todos os combustíveis do ambiente. Quando determinados combustíveis atingem seu ponto de ignição, simultaneamente, haverá uma queima instantânea e concomitante desses produtos, o que poderá provocar uma explosão ambiental, ficando toda a área envolvida pelas chamas. Esse fenômeno é conhecido como “Flashover”.
O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente torna-se completamente ocupado por fumaça densa e os gases expandem. Devido a pressão interna ser maior que a externa, os gases saem por todas as fendas em forma de lufadas, que podem ser observadas em todos os pontos do ambiente. E esse calor intenso reduz os combustíveis a seus componentes básicos, liberando, assim, vapores combustíveis.
Na fase de queima lenta em um incêndio, a combustão é incompleta porque não há oxigênio suficiente para sustentar o fogo. Contudo, o calor da queima livre permanece, e as partículas de carbono não queimadas (bem como outros gases inflamáveis, produtos da combustão) estão prontas para incendiar-se rapidamente assim que o oxigênio for suficiente. Na presença de oxigênio, esse ambiente explodirá. A essa explosão chamamos “Backdraft”. A “queima lenta” identifica-se pela fumaça densa, pelo fogo reduzido a brasas e pela redução da presença de oxigênio.
A entrada de ar, rico em oxigênio, provocará a explosão ambiental.
A ventilação adequada permite que a fumaça e os gases combustíveis superaquecidos sejam retirados do ambiente. Ventilação inadequada suprirá abundante e perigosamente o local com o elemento que faltava (oxigênio), provocando uma explosão ambiental.
As condições a seguir podem indicar uma situação de “Backdraft”:
 fumaça sob pressão, num ambiente fechado;
 fumaça escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo do ambiente em forma de lufadas;
 calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
 pequenas chamas ou inexistência destas;
 resíduo da fumaça impregnando o vidro das janelas;
 pouco ruído;
 movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em alguns casos ouve-se o ar assobiando ao passar pelas frestas).
7. FORMAS DE COMBUSTÃO
As combustões podem ser classificadas conforme a sua velocidade, em: completa, incompleta, espontânea e explosão.
Dois elementos são preponderantes na velocidade da combustão: o comburente e o combustível; o calor entra no processo para decompor o combustível. A velocidade da combustão variará de acordo com a porcentagem do oxigênio no ambiente e as características físicas e químicas do combustível.
7.1. Combustão Completa
É aquela em que a queima produz calor e chamas e se processa em ambientes rico em oxigênio.
7.2. Combustão Incompleta
É aquela em que a queima produz calor e pouca ou nenhuma chama, e se processa em ambiente pobre em oxigênio.
7.3. Combustão Espontânea
É o que ocorre, por exemplo, quando do armazenamento de certos vegetais que, pela ação de bactérias, fermentam. A fermentação produz calor e libera gases que podem incendiar. Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor (materiais com baixo ponto de ignição); outros entram em combustão à temperatura ambiente (20ºC), como o fósforo branco. Ocorre também na mistura de determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera o calor e libera gases em quantidade suficiente para iniciar a combustão. Por exemplo, água + sódio.
8. MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO
Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos elementos essenciais que provocam o fogo.
8.1. Retirada do Material
É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do material combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo, interrompendo a alimentação da combustão. Método também denominado CORTE ou REMOÇÃO DO SUPRIMENTO DE COMBUSTÍVEL.
Exemplo: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais do ambiente em chamas, realização de aceiro, etc.
8.2. Resfriamento
É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material combustível que está queimando, diminuindo, conseqüentemente, a liberação de gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais usado, por ter grande capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrado na natureza. A redução da temperatura está ligada à quantidade e à forma de aplicação da água (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir. É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de combustão (menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o material continuará produzindo gases combustíveis.
7.3. Abafamento
Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível. Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo.
Como exceção estão os matérias que tem oxigênio em sua composição e queimam sem necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco.
Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão.
Colocar uma tampa sobre um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível.
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores, vapor d’água, espumas, pós, gases especiais, etc.
7.4. Quebra da Reação em Cadeia
Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor, reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção química). Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis.
8. CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS
E MÉTODOS DE EXTINÇÃO
Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles
envolvidos, bem como a situação em que se encontram. Essa classificação é
feita para determinar o agente extintor adequado para o tipo de incêndio
específico. Entendemos como agentes extintores todas as substâncias
capazes de eliminar um ou mais dos elementos essenciais do fogo, cessando a
combustão.
Essa classificação foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection
Assotiation - Associação Nacional de Proteção de Incêndios / EUA), adotada
pela IFSTA (International Fire Service Training Association - Associação
Internacional para Treinamento de Bombeiros / EUA) e também adotadas pelo
Corpo de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul.
8.1. Incêndio Classe “A”
Incêndio envolvendo combustíveis
sólidos comuns, como papel, madeira,
pano, borracha. É caracterizado pelas
cinzas e brasas que deixam como resíduos
e por queimar em razão do seu volume, isto
é, a queima se dá na superfície e em
profundidade.
Métodos de extinção
Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou
soluções que a contenha em grande porcentagem, a fim de reduzir a
temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição.
O emprego de pós-químicos irá apenas retardar a combustão, não
atingindo na queima em profundidade.
8.2. Incêndio Classe “B”
Incêndio envolvendo líquidos
inflamáveis, graxas e gases
combustíveis. Caracteriza-se por
não deixar resíduos e queimar apenas na
superfície exposta e não em profundidade.
Métodos de extinção
Necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto de ignição), é necessário resfriamento.
8.3. Incêndio Classe “C”
Incêndio envolvendo equipamentos energizados. É caracterizado pelo risco de vida que oferece ao bombeiro.
Métodos de extinção
Para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia. Esta classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for interrompido o fluxo elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a interrupção da corrente elétrica.
8.4. Incêndio Classe “D”
Métodos de extinção
Para a sua extinção, necessita de agentes extintores especiais que se fundam em contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento.
Os pós-especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônia, grafite seco. O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de incêndio.
Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns (principalmente os que contenham água).