Resgate em alto-mar22/01/2012 | 12h04
Salvamento de pescador ferido mobilizou cerca de 10 pessoas no Litoral
Norte
Jovem de 21 anos
resgatado de helicóptero passa bem e segue internado em Tramandaí
scador foi
encaminhado para hospital de Tramandaí Foto: Robson
Alves,Brigada Militar / Divulgação
O pescador ferido em alto-mar e resgatado por um helicóptero da
Brigada Militar no sábado passa bem e segue internado em Hospital de Tramandaí.
Welington Patrick Alves Valentin, 21 anos, passou cirurgia e está fora de
perigo. Ele teve perda total de três dedos e parcial dos outros dois da mão
esquerda.
O jovem estava a bordo do barco pesqueiro Rei Gloria I, em alto-mar, a 10
quilômetros da praia, na altura de Cidreira. Após receber o pedido de socorro,
homens do Batalhão de Aviação da Brigada Militar resgataram o pescador que
havia decepado parte da mão ao mexer no motor da embarcação.
Em vídeo, assista a imagens do resgate:
O comandante do helicóptero da
Brigada Militar, Vanius Santa Rosa, conta que, por volta das 19h30min de
sábado, tripulantes do Rei Glória I fizeram o primeiro contato com a base via
rádio.
— Todos os barcos têm rádio, justamente para esses casos de emergência. Os
comandantes das embarcações entram na nossa frequência e nos acionam assim que
precisam — explica o policial.
E foi exatamente isso que aconteceu no fim da tarde de sábado. Pouco depois do
contato, o helicóptero já decolava do aeroporto da BM em Capão da Canoa.
Enquanto isso, o barco que vinha de Santa Catarina e seguia em direção ao sul,
começou a fazer o movimento na direção contrária para aguardar resgate. Esse
tipo de embarcação não tem condições de atracar em nenhum ponto do Litoral
Norte. Por isso, tiveram de esperar o regaste em alto-mar.
Assim que os policiais avistaram o pesqueiro, a aeronave se aproximou. Um
salva-vidas se jogou no mar e foi nadando até o barco. Chegando lá, fez os
primeiros socorros e avaliou as condições dos ferimentos de Welington.
— Os demais tripulantes já tinham dado uma assistência para ele. Chegaram até a
manter os dedos em gelo para tentar fazer um reimplante — conta Santa Rosa.
O salva-vidas preparou o ferido enquanto os demais policiais da aeronave
jogavam um cabo de cerca de 25 metros. Os dois foram presos no cabo e o
helicóptero começou a se deslocar, carregando os dois pendurados até chegar na
praia. Na areia, o pescador foi colocado na aeronave e seguiram até o Hospital
de Tramandaí.
O comandante do helicóptero comemorou o sucesso da operação que mobilizou cerca
de 10 pessoas. Na temporada, foi a primeira vez que fizeram um resgate desse
tipo. O último semelhante foi há dois anos. Na ocasião, foi necessário resgatar
um homem em alto-mar que teve problemas cardíacos.
— A gente está destacado aqui no litoral para isso. Ajudar nos salvamentos.
Ontem (sábado), depois de tudo, comentávamos aqui sobre a operação e
concluímos: saímos de alma lavada do serviço.
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/01/salvamento-de-pescador-ferido-mobilizou-cerca-de-10-pessoas-no-litoral-norte-3639202.html
“Pra mim, eles são heróis”, diz jovem pescador resgatado em alto-mar
Dez homens formaram a equipe que retirou Welington Valentin do barco
Welington Patrick Alves Valentin, de 21 anos, resgatado ontem em alto-mar
pelo grupamento aéreo da Brigada Militar, não poupa elogios a equipe que o
salvou.
— Pra mim, eles são heróis. Fui sempre muito bem atendido. Sempre com muita
atenção, tanto dos policiais como do pessoal aqui do hospital.
Dez homens foram envolvidos na operação que retirou o pescador do barco, depois
de ter perdido parte da mão enquanto fazia manutenção em equipamentos. Depois
do susto, o jovem diz estar grato, mas ainda não consegue esconder tristeza por
ter perdido três dedos e parte de outros dois da mão esquerda. Ele segue
internado no hospital de Tramandaí até quarta ou quinta-feira.
Natural de Penha, em Santa Catarina, o garoto já atua como pescador há cinco
anos. Não é o único da família. O irmão Queginaldo, de 33 anos, também se
dedica ao ofício. Ele, inclusive, é capitão Rei Gloria I. Além deles, outros
dois tripulantes estavam no barco no momento do acidente. O grupo saiu do Porto
de Itajaí, que fica em Santa Catarina, na sexta-feira. Valentin não sabe ao
certo quanto tempo ficariam em alto mar.
— A gente ia pescar vários tipos de peixes. Mas, estávamos por aqui (costa
gaúcha) atrás de linguado — conta.
Depois do acidente, o grupo retornou para o estado de origem. Enquanto isso, meio
contrariado, o garoto espera a família que já está vindo de Penha.
— Não queria que a mãe viesse. Preferia ficar bem e depois encontrar eles lá.
Valentin conta que estava lubrificando as engrenagens de uma espécie de
guincho. O equipamento serve para puxar as redes de pesca.
— E, aí, foi um descuido meu. Esbarrei na alavanca e a engrenagem puxou minha
mão — recorda.
O pescador disse que sentiu um mal estar muito grande, em função de todo o
sangue que via escorrer. Ficou deitado por alguns instantes na parte inferir do
barco, enquanto seus colegas faziam curativos para estancar o sangue.
— Cheguei até a colocar a mão no gelo para parar de sangrar.
Pouco tempo depois, começou a ouvir o barulho do helicóptero.
— Quando vi, o homem já estava comigo conversando. Ele foi bem atencioso,
explicou tudo como ia ser o resgate. Não cheguei a sentir medo. Pensava só na
minha mão.
Giorgio Leandro Palma de Camargo, 36 anos, também diz que o salvamento mexeu
muito com ele. Ele tem 11 anos de Brigada Militar, há oito é salva-vidas. Já
tinha feito treinamentos, mas essa foi a primeira vez que foi levado, suspenso
por cabo por cerca de dez quilômetros até a praia.
Mas o policial também ficou muito emocionado pela expressão do garoto.
— Lembro que, ainda antes de entrar na ambulância, ele mandou me chamar. Ele
dizia: obrigado, obrigado. Isso me chamou a atenção, pois fazemos muitos
salvamentos, mas nem sempre dá tempo de agradecer. Eu também fiquei muito
emocionado.
O policial, que há dois também atua junto ao grupamento aéreo, diz que a maior
dificuldade da operação era justamente a aproximação do barco. Isso porque há
muitos cabos e hastes no pesqueiro.
— E chegamos a ficar a dois metros das hastes. Isso de nadar no mar, subir no
barco, somos treinados. O problema era essa dificuldade.
E foi isso que a equipe optou por usar a cadeirinha (semelhante a usada por
quem salta de bung-jump). O único inconveniente era que vítima e policial
seguiriam suspensos até a areia.
— A gente fica preocupado, mas na hora só pensa na vítima. Eu ficava
conversando com ele e tentando manter ele calmo. Depois, de noite, em casa, me
senti feliz e alegre. Angustiado, mas feliz e alegre porque deu tudo certo.
Pouco antes da reportagem sair do quarto onde o pescador está internado no
hospital de Tramandaí, ele disse:
— Eu até gostaria de falar com ele (o policial) de novo para agradecer direito.
Foi tudo muito rápido naquele dia.
Assim que soube disso, Camargo disse:
— Vou lá sim. Também quero me reencontrar com ele.
A visita ficou marcada para a tarde de domingo.