INCÔMODO INIMIGO


Um incômodo 'inimigo'
Como as forças de segurança da Operação Golfinho enfrentam as altas temperaturas do verão



As altas temperaturas registradas nos últimos dias, chegando a 40ºC, trouxeram um "inimigo" a mais para as forças de segurança que atuam na 42 Operação Golfinho, além da criminalidade. O forte calor exige dos integrantes de unidades como o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) e o Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BAv-BM) um condicionamento físico similar ao dos pilotos da Fórmula 1. Ou seja: pilotar uma aeronave ou uma viatura com a sensação térmica quase atingindo os 50ºC e ainda manter o controle tanto do equipamento como emocional. A preparação implica desde a hidratação do organismo até o lado psicológico, lidando com o estresse, inerente a quem atua em situações extremas.
De acordo com o comandante do BAv-BM, tenente-coronel Carlos Alberto Selistre, uma das providências é a hidratação, com os pilotos da unidade tomando muita água e também, sempre que possível, ficando nas salas da unidade onde há ar-condicionado. O preparo físico é outro fator importante, com os pilotos se exercitando quase diariamente. "Isso é muito importante para o piloto aguentar o esforço exigido pela alta temperatura", salientou Carlos Alberto Selistre.
Dentro de uma aeronave, seja helicóptero ou avião, o piloto é submetido a um grande esforço. De acordo com Selistre, se a temperatura ambiente estiver em 40ºC - como foi o caso do último domingo -, dentro da cabine ela atingirá 45ºC, no mínimo. Por mais que haja deslocamento de ar, este não é suficiente para refrigerar o local, até porque a pressão aerodinâmica impede que grande parte do vento entre no aparelho. "Estes aparelhos não possuem ar-condicionado", relatou o tenente-coronel, que está há oito anos no BAv-BM. "A perda de líquido é enorme, com os pilotos saindo do aparelho com o macacão totalmente molhado de suor".
Aliado a isso, os tripulantes vestem macacão anti-chamas de Nomex, o mesmo tecido utilizado na Fórmula 1, mas sem a tecnologia de resfriamento da peça, disponível aos pilotos de Grand Prix. Completando o uniforme estão o capacete e as luvas. Com a farda completa, a sensação térmica pode chegar aos 50ºC dentro do avião ou do helicóptero. "O capacete tem um viseira maior, das usadas nas corridas de automóveis, mas é igualmente quente", destacou Selistre. "As botas, de couro, também são especiais e têm um elástico por dentro que adere totalmente a perna, não permitindo a circulação de ar."


QUINTA-FEIRA, 23 DE FEVEREIRO DE 2012. FONTE: CORREIRO DO POVO-EDIÇÃO Nº 146